Você sabia?

Conhecimento pode ser uma ferramenta importante, seja para colaborar no processo de luto, trazendo novos caminhos ou para perguntar e muitas vezes orientar o profissional de saúde que o acompanha. Procure, conheça, sinta, reflita, afinal é a sua vivência.

– Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a infertilidade afeta cerca de 10 a 15% dos casais em idade fértil? E que no Brasil aproximadamente 2 milhões de pessoas podem apresentar alguma dificuldade durante a vida reprodutiva?

– As causas da infertilidade podem ser consideradas em 4 grupos, sendo as referentes ao homem: alterações no número, na motilidade e na morfologia dos espermatozoides, fatores hormonais e fatores desconhecidos?

– A causa mais comum no homem é a varicocele, uma condição testicular que é responsável por 33% do diagnóstico de infertilidade masculina e 25% sem causa conhecida, podendo ser associada ao estilo de vida?

– Em 50 anos a fertilidade masculina diminuiu sobremaneira, com piora da qualidade do sêmen afetando a fertilidade do homem? E que pode ser resultado de mudanças genéticas provocadas pela qualidade do ambiente e qualidade de vida?

– Que homens podem perceber o diagnóstico de sua infertilidade como um evento traumático, semelhante à perda de um filho ou esposa/marido?

– Receber esse diagnóstico afeta como esse homem se vê, vive e as relações a sua volta, assim como pode romper com o conceito de família que havia imaginado até então?

– 75% dos homens não conhecem grupos de apoio presenciais na sua região e procuram ajuda online?

– Pesquisas sinalizam que alguns homens acreditam que o acompanhamento psicológico pode ser mais importante que uma terapêutica médica em si?

– Pode ser importante para eles conversarem com outros homens que estão passando pela própria infertilidade e que ter um psicoterapeuta do gênero masculino na equipe pode auxiliar no diálogo?

– Tanto o luto pela infertilidade quanto o luto do homem são chamados de lutos não reconhecidos por não serem validados e reconhecidos socialmente, censurados por regras sociais?

– Expressões como medo, tristeza, raiva, isolamento social, sentir-se fraco, menos homem, que decepcionou sua companheira (o) podem ser formas de manifestação do luto, algumas atravessadas pela forma como esses homens ainda são criados?

– Homens tendem a vivenciar um luto mais instrumental, ou seja, focado no pensamento, voltado para a resolução de problemas, dificuldade de expressar o que sente, com demonstração de controlar a si e o ambiente a sua volta? Mas que isso não significa não sentir ou sentir menos?

– Hoje entendemos o luto como um pêndulo, que não segue em linha reta, que é dinâmico e que podemos estar ora voltados para a dor e ora voltados para a vida, buscando encontrar novos sentidos.

– Que o processo de luto é singular, vivido de maneiras diferentes para cada pessoa, ainda que possa haver semelhanças? E que não comparamos dores já que cada uma é única?

– A perda pela infertilidade é uma perda não finita, em que uma pessoa está sempre na presença dessa ausência, no caso a dificuldade de gerar e isso exige uma adaptação constante?

– Nem todo dia será um dia “bom” dentro desse trabalho que o luto gera e que tudo bem não estar bem?

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